Um brasileiro na corte do rei Felipe, 23J-3

[1] Ontem,  enquanto eu viajava de Porto Alegre para São Paulo e esperava o voo para Madrid, aconteceu o último debate entre os potenciais candidatos à presidência do governo espanhol. A bem da verdade, participaram apenas três dos quatro potenciais candidatos: os dois que representam os partidos de esquerda e extrema-esquerda e o candidato que representa a extrema direita. O candidato que representa a direita não participou. Ele deu-se por satisfeito por ter inequivocamente ter ganho um debate cara a cara com o candidato que representa a esquerda e resolveu não se expor, afinal faltam pouco mais de 72 horas para o início da eleição.

[2] Agora já estou instalado em Madrid. Tudo certo no rosário de miserias que um sujeito tem que suportar quando viaja: filas; serviços ordinários, porém caros; truculência de uns poucos e estupidez generalizada na grande maioria. Paciência. Pelo que entendi, de ler os jornais do dia e de ler alguns dos podcasts dedicados a esse tipo de assunto, o debate de ontem foi um espanto.

[3] Vamos a ver: o candidato que representa a esquerda obviamente aliou-se a candidata que representa a extrema esquerda e encurralaram o candidato que representa a extrema direita. Se um debate cara a cara não muda o vota nem de 1% dia indecisos, esse triptico não deve ter demovido quase ninguém.

[4] O grande problema repetido por tertulianos e jornalistas é o fato da eleição dár-se no período mais quente do ano, no início do período de férias. O atual presidente de governo obviamente escolheu essa data por apostar na baixa participação, e também na perda de milhares de votos (até de um quarto de milhão, especula-se) enviados pelos correios e que jamais serão computados se não forem entregues até hoje (a data limite para entrega física é amanhã).

[5] Bueno. São 19h aqui. O Sol seguirá até às 21h30. Vou bater perna e sentir o ruído das ruas. Me hidratar (faz calor neste verão) e planejar as caminhadas de amanhã.  A ver.


Um brasileiro na corte do rei Felipe, 23J-4

[1] Saio de Santa Maria, 7h da manhã. No meio da tarde sairá meu voo para São Paulo. No meio da noite embarcarei para Madrid. O certo seria dizer que dobro um esquina sentimental, dobro uma esquina em meu coração, pois volto à cidade fora do Brasil que mais conheço e mais amo. A primeira viagem foi no final dos anos 1980. Graças ao industrioso Frank trabalhei lá na calle Serrano, em um dos laboratórios do CSIC; conheci Manolo e Cristina, Jesús e Maribel, Macarena e Federico, dentre tantos outros. Talvez eu fosse velho demais para essa viagem (já quase alcançava meus trinta anos). Todavia, hoje, já com mais de sessenta, e tendo vivido minha cota de aborrecimentos desde então, aquela minha pregressa encarnação me parece suficientemente jovem e intensa. Aprendi um bocado.

[2] A ideia aqui e fazer curtos registros e companhar, ao longo de vinte dias, de minhas reações a esta que talvez seja a última viagem que faço ao país chamado Espanha. Não é necessário ser um sociólogo familiarizado com a sociedade espanhola contemporânea para perceber que trata-se de um país profundamente dividido, provavelmente ainda mais dividido que o Brasil e que terá de enfrentar, nas próximas décadas, os muitos desafios que hoje já se impõem a ela a demografia, a política, a economia e a cultura.

[3] Domingo, 23 de junho, haverá eleições gerais no país. Como se trata de um regime parlamentarista, os eleitores espanhóis escolherão os deputados que eventualmente irão eleger um presidente de governo. Hoje, a quatro dias da eleição, se configura uma pequena maioria para o grupo mais à direita, politicamente falando.

[4] Pretendo acompanhar, de hoje até minha volta, no início de agosto, o impacto destas eleições nos espanhóis e também em mim. Vamos a ver. Amanhã escrevo mais.


calendário

calendário 2011 (julho)

Fiz um calendário de 2011 usando fotos de meus gatos, quer dizer, meus e da Helga e da Natália, apesar deles serem independentes o suficiente.

Salen, Lilica, Nikita e Kyo têm lá seus encantos…

Os outros meses do calendário podem ser encontrados no

http://www.facebook.com/#!/album.php?aid=29358&id=1763072301

Bom divertimento.


whither?

No “Livros que eu li” faço umas resenhas. Elas servem para registrar a passagem do tempo, de meu humor e de minhas leituras.

Neste “Vida de fantasma“, título emprestado de Javier Marías, tentarei registrar aquilo que está além dos livros, tentarei registrar o que vejo cá em Santa Maria, o que lembro de São Bernardo, de São Paulo, e das outras cidades que conheci.

Vale.